Idosa yanomami morre em estado grave de desnutrição; ministra condena “omissão” de Bolsonaro

A Urihi, Associação Yanomami informou no domingo (22) que uma mulher yanomami, que teve sua foto nacionalmente divulgada apresentando grave situação de desnutrição, morreu.
A mulher tinha 65 anos e era da comunidade Kataroa, onde há forte presença de garimpeiros ilegais e casos de dezenas de crianças doentes.
A Terra Indígena Yanomami tem registrado o agravamento na saúde dos indígenas nos últimos anos, com casos graves de crianças e adultos com desnutrição severa, verminose e malária, enquanto o garimpo em suas terras avançam vertiginosamente de forma ilegal.
O cenário de crise sanitária fez com que o Ministério da Saúde decretasse emergência na saúde. Em visita a Boa Vista para acampar de perto a situação, o presidente Lula (PT) classificou a situação dos Yanomami como “desumana”.
Na foto que se tornou nacionalmente conhecida, a mulher, com quadro grave de desnutrição, aparece vestindo uma peça de roupa tradicional, enquanto é pesada em uma balança com o auxílio de uma outra mulher. A imagem havia sido divulgada para denunciar a crise de saúde dos indígenas.
“Durante a visita a comunidade Kataroa, nesta última semana, recebemos a informação que a senhora Yanomami da imagem, veio a óbito por conta do seu grave estado de desnutrição. Gostaríamos de pedir a todos que evitem a partir deste momento o compartilhamento da imagem dela, entendemos a importância de levar ao mundo a situação drástica, mas por questões culturais a sua imagem não poderá mais ser divulgada”, informou a associação.
“Na cultura Yanomami, após o falecimento, não pronunciamos o nome da pessoa, queimamos todos os seus pertences, e não permitimos que fotografias permaneçam sendo divulgadas”, explicou a entidade.
Um dia depois de o Ministério da Saúde decretar situação de emergência em saúde por conta da morte de crianças yanomamis por desnutrição, a chefe da pasta, Nísia Trindade, afirmou que o governo Bolsonaro foi “omisso” em relação à saúde aos yanomami.
“Tanto é assim que, ainda como presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), eu pude acompanhar uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) que apontou muitas falhas na proteção dos indígenas. Isso aconteceu não só com os yanomami, mas em outros povos e em relação à covid-19”, ressaltou a ministra da Saúde.
Assim como Lula, Nísia Trindade também classificou a situação dos yanomami como um tipo de genocídio. O termo foi usado por Lula ao se referir ao caso no final de semana.
“Eu vejo o abandono como uma forma de genocídio e essa população estava desassistida. O genocídio também pode ocorrer por omissão”, afirmou.
Fonte, Texto e Foto: Jornal Hora do Povo
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